sábado, 24 de abril de 2010

A Verdade Sobre o Dom de Línguas

Enquanto ainda ativo no movimento carismático, fiquei desiludido com
a óbvia disparidade dele com as descrições e relatos da Bíblia sobre os dons
carismáticos, especialmente o dom de línguas. Assim, comecei um estudo da
Bíblia e da história da Igreja para determinar a verdadeira natureza e propósito
bíblico dos dons carismáticos. Não estava tentando provar ou refutar nada,
apenas descobrir a verdadeira natureza dos dons. Aqui estão os resultados
desse estudo:

O PROPÓSITO das Línguas

Deus é um Deus de ordem e propósito (1Co. 14:33). Quando Ele faz
algo, o faz com um plano e um objetivo. O Senhor não falava em parábolas,
por exemplo, para parecer esperto ou profundo. A Escritura ensina que Ele
usava parábolas com o expresso intento de obscurecer a verdade para os nãoeleitos
(Marcos 4:11, 12). Da mesma forma, os milagres e dons devem ser
entendidos em termos de um propósito particular. Eles serviram como dons
validando as mensagens que acompanhavam (João 20:30,31; Atos 2:43, 4:16;
2Co. 12:12; Gl. 3:5; Rm. 15:17-19). O propósito da concessão de dons pelos
apóstolos (tanto a Escritura como a subseqüente história da igreja
demonstram que os dons foram concedidos APENAS pelos apóstolos e por
ninguém mais – nunca!), era validar o ensino dos apóstolos.
Por que algumas pessoas alegam que as línguas são satânicas?
Paulo advertiu Timóteo que nos últimos tempos muitos se apartariam
da fé, dando ouvidos “a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”. A
grande maioria dos eruditos bíblicos crê que, visto que Cristo destituiu do
poder Satanás e todos os seus anjos, o único poder que os demônios têm
agora é o poder do engano. Então, acredita-se que os demônios hoje são anjos
do engano. Eles fazem com que as pessoas dêem ouvidos às suas mentiras, ao
torná-las atrativas e sedutoras. Paulo chamou-os de “espíritos enganadores”
(1Tm. 4:1), pois eles ensinam falsa doutrina. Uma razão principal pela qual
muitos crêem na origem satânica das manifestações de hoje é que existem
muitos “dons” que não validam o ensino do apóstolo. Lembre-se da garota
escravizada com “um espírito de adivinhação” que seguia o apóstolo Paulo
clamando: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são
servos do Deus Altíssimo” (Atos 16:16-18). A despeito da sua mensagem,
ficou evidente que as suas “profecias” eram a obra de um demônio! Paulo
expulsou o demônio dela e ela parou de profetizar. Como Paulo poderia dizer
que o “dom” da garota escravizada era demoníaco? Duas razões:
1. Nenhum apóstolo concedeu-lhe o dom, e
2. Suas profecias usaram o ministério de Paulo para validar SUA
mensagem, um propósito diretamente oposto àquele tencionado para
os dons genuínos do Espírito. Os dons carismáticos hoje são
freqüentemente usados para “validar” o ministério de outra pessoa –
alguém cujos ensinos NÃO são aqueles dos apóstolos. Eles usam os
escritos dos apóstolos e roubam suas palavras, mas usam-nas para dar
credibilidade ao seu PRÓPRIO ministério. Um demônio fez
exatamente isso em Atos 16!
É razoável então que um espírito enganador usaria essa mesma tática
hoje – não para confirmar a doutrina dos apóstolos, mas as doutrinas de um
mensageiro moderno que ensina algo muito diferente.

— O que a Bíblia ensina sobre as Línguas —

I. A FORMA das Línguas na Escritura: Sempre que vemos as línguas
mencionadas na Bíblia, ela SEMPRE toma a forma de um idioma estrangeiro
desconhecido – nunca “algaravia estática”.
A) Em Atos 2, muitas pessoas de diversos lugares ouviram o evangelho
pregado EM SEU PRÓPRIO DIALETO. Pedro disse à multidão que
aquele evento era o cumprimento da profecia de Joel (Joel 2:28ss), que
não faz nenhuma menção de línguas, mas fala de profecia, sonhos,
visões e SINAIS. Paulo mais tarde escreveu que as línguas são “um
SINAL… para os incrédulos” (1Co. 14:22).
B) Em cada evento subseqüente ao de Atos 2 onde as línguas estiveram
presentes, “caiu sobre eles o Espírito Santo, COMO TAMBÉM
SOBRE NÓS AO PRINCÍPIO” (Atos 11:15-17), que deve significar
que as línguas naquelas ocasiões eram como as línguas em Atos 2 – um
idioma estrangeiro verificável, um sinal para os incrédulos.
C) A forma das línguas em Pentecostes tornou-se o paradigma para
todas as formas posteriores de glossolalia. Todas as referências na Bíblia
ao falar em línguas empregam a mesma terminologia básica, implicando
similaridade de forma.
D) Os episódios em Corinto são definidos em termos plenamente
compatíveis com aqueles em Atos. Paulo escreve, “nenhum idioma é
sem significado” (1Co. 14:10). Ele compara as línguas com idiomas
terrenos e afirma que todos eles têm um significado coerente. As
línguas, biblicamente, certamente não são a algaravia e balbucio
incoerente que vemos nas igrejas carismáticas e pentecostais de hoje.

II. O CONTEÚDO das Línguas na Escritura:
As línguas eram um dom
REVELACIONAL – um veículo de revelação da parte de Deus para o
homem. As línguas traziam a revelação de Deus tão certamente como o dom
de profecia trazia a revelação de Deus aos profetas e apóstolos de outrora.
Assim, as línguas devem ser entendidas na Escritura como tendo trazido
comunicação inspirada, inerrante e autoritativa de Deus ao homem:
A) A primeira ocorrência de línguas é definida como profética por
Pedro (Atos 2:11-18).
B) As línguas são quase sempre relacionadas com outros dons
revelacionais na Escritura (Atos 2, 19, 1Co. 13 e 14). Em Atos 19 eles
“falavam em línguas, e profetizavam”. Em 1 Coríntios as línguas são
abordadas em associação com a profecia. A diferença era que a profecia
era a capacidade de falar infalivelmente a vontade de Deus no próprio
idioma da pessoa, enquanto línguas era a capacidade de falar
infalivelmente a vontade de Deus num idioma que a pessoa nunca tinha
aprendido.
C) As línguas são especificamente ditas ser um falar de mistérios (1Co.
14:2). Quando a palavra MISTÉRIO é usada na Escritura é sempre em
termos de revelação. Um mistério falado torna-se uma revelação.
O CONTEÚDO das línguas, então, é visto como sendo uma revelação
infalível, inerrante e inspirada dos mistérios de Deus ao homem. As línguas
que vemos hoje entre os carismáticos e pentecostais certamente não passam
por esse importante padrão bíblico. De fato, nos vinte anos como carismático,
em cada culto que participei onde as línguas eram usadas, elas NUNCA
tomaram a forma de um idioma estrangeiro discernível, e sua “interpretação”
nunca era tratada como uma revelação infalível de Deus. Costumava
perturbar-me profundamente que uma palavra direta dos Céus pudesse ser
tratada tão superficialmente pelos ouvintes – ao invés de serem registradas e
tomar-se o cuidado de obedecê-las e publicá-las, o povo acenava e dizia:
“Obrigado Senhor, por essa boa palavra”, tratando-a mais como um cartão de
visita do que uma revelação do Mestre Soberano do universo. O Todopoderoso
não está assentado em Seu trono mandando beijos para as pessoas
sobre a Terra – Sua Palavra deveria ser tratada com o máximo cuidado e
sustentada com extrema reverência – assim como alegamos tratar a Bíblia.
Mas as línguas não são tratadas dessa forma hoje.

III. O Propósito das Línguas:
Como mencionei no começo, Deus é um
Deus de ordem e propósito, e quando Ele age, o faz com um objetivo e plano.
Vemos que as parábolas tinham um propósito específico (Marcos 4:11,12);
que os milagres tinham um propósito específico (Jo. 20:30-31, Atos 2:43 e
4:16, Rm. 15:17-19, 2Co. 12:12), e da mesma forma que o dom de línguas
serviu a um propósito bem específico: eles validaram a mensagem dos
apóstolos, e foram um sinal antecipatório da maldição do pacto sobre o Israel
incrédulo.
A) As línguas eram um sinal para validar a mensagem dos apóstolos
(Marcos 16:17), e de Paulo em particular (Atos 10:44-46, 19:6).
SOMENTE os apóstolos tinham a autoridade e capacidade de
conceder o dom a outros por meio da imposição de mãos ou oração.
Nenhuma das pessoas sobre quem eles impuseram as mãos poderia
passar o Espírito Santo ou os dons a outros. Não existe um único
relato na Escritura ou na história subseqüente da Igreja que apóie a
alegação que alguém que não os apóstolos pudesse “conceder” o
Espírito Santo e os Seus dons. Aqueles que receberam esse sinal e dons
das mãos dos apóstolos não eram capazes de passá-los a outros. Se
fossem, então não teria sido necessário enviar os apóstolos a Samaria
para que os dali recebessem o Espírito Santo (e outros exemplos). O
exemplo de Ananias (Atos 9:10-19) é freqüentemente usado para
refutar esse argumento, mas o texto não diz que Saulo falou em línguas
ou profetizou. Diz apenas que a sua visão foi restaurada e que ele foi
batizado com água. Não ouvimos mais sobre Saulo até chegarmos ao
capítulo 13, onde os APÓSTOLOS colocaram suas mãos sobre ele e
Barnabé.
O fato que Paulo passou os dons [charismata] a outros era uma das
provas que ele devia ser contado entre os apóstolos (Atos 19, 2Co.
12:12, Ef. 3:7ss). Era extremamente importante estabelecer o
apostolado de Paulo com “os sinais de um apóstolo” (2Co 12:12), pois
Deus ter aberto o reino de Deus aos gentios era uma mudança radical
da antiga aliança. E era importante que Paulo fosse contado como um
apóstolo, pois ele escreveu a maior parte do Novo Testamento. Esse é
o motivo de muitas das suas cartas às igrejas começaram com a frase,
“Paulo, um apóstolo pela vontade de Deus…”
B) As línguas eram um sinal da maldição do pacto sobre o Israel
incrédulo. Visto que esse é provavelmente o propósito mais
negligenciado e incompreendido das línguas, ele exige uma explicação
maior; assim, assegure-se de examinar essas passagens da Escritura no
contexto e com atenção: Paulo explica esse uso do sinal em 1Co. 14:21-
22: “Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios,
falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De
sorte que AS LÍNGUAS SÃO UM SINAL, não para os fiéis, mas para
os infiéis; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis”. Eis
a explicação agora:
1) O Antigo Testamento ensina que Israel era um povo especial
para Deus. Ele estava ligado num amor pactual especial por
Israel somente, dentre todas as nações da Terra (Dt. 7:6-8, Amós
3:2), de forma que somente eles receberam Sua lei (Dt. 4:10-13,
Salmo 147:19-20), Seus oráculos (Rm. 3:2), o sinal pactual da
circuncisão (Rm. 3:1) – de fato, todas as promessas e meios da
vida pactual (Rm. 9:4-5, Ef. 2:12).
2) Esse pacto com Israel era uma espada de dois gumes. A vida
pactual era uma de privilégio bem como responsabilidade. A
obediência trazia bênçãos espirituais e materiais, e a
desobediência trazia maldições espirituais e materiais (veja Dt.
28:1-68 que descreve as bênçãos e maldições do pacto).
3) Israel era uma nação de pessoas acostumadas com sinais (Mt.
12:38, 1Co. 1:20-22). Dentro do contrato do pacto eles
receberam sinais de advertência que serviriam para indicar que as
calamidades que cairiam sobre eles seriam de fato julgamento de
Deus sobre eles. Um dos sinais mais freqüentemente vistos era a
perda da liberdade e autonomia nacional (Dt. 28:49). Isso é
mencionado também num contexto similar em Jeremias 5:15 e
Isaías 28:11. Na Escritura, as línguas estrangeiras eram um sinal
da maldição do pacto sobre Israel. Com freqüência ela era o
idioma dos ocupantes estrangeiros de Israel, mas no raiar da
Nova Aliança ela tornou-se especialmente pungente. Tudo isso
se torna relevante para o dom de línguas no Novo Testamento
pelo fato que Paulo aplica o sinal da maldição pactual (Is. 28:11)
à sua explicação do dom de línguas em 1Co. 14:21-22. O fato
que Paulo usou um trecho de uma passagem que lidava com a
maldição pactual é extremamente significante! Para captar seu
impacto você precisa olhar na referência que Paulo está citando
em seu discurso de 1 Coríntios 14: Isaías 28. No próprio cerne
da repreensão de Deus contra Israel está o versículo que Paulo
cita… aquele que apresenta o sinal da maldição (versículo 11).
Sem dúvida a passagem de Isaías referia-se à iminente invasão de
Israel pelos assírios, mas o apóstolo Paulo, escrevendo sob a
inspiração do Espírito Santo, aplica-a ao julgamento futuro e
climático sobre Israel, logo após a rejeição de Cristo por eles.
4) Cristo, o “Mensageiro do Pacto” (Ml. 3:1) e “Ratificador da
Nova Aliança” (Lucas 22:20), veio para ajuntar e ensinar Israel.
Todavia, Israel recusou Suas admoestações (Mt. 23:37, Atos
28:17-31, Rm. 9:31-32 e 10:3). A geração a qual Cristo ministrou
foi rapidamente enchendo a medida da culpa dos seus
antepassados (Mt. 23:32). Portanto, AQUELA GERAÇÃO (Mt.
23:36 e 24:43) recebeu a plenitude da maldição pactual de Deus:
Deus enviaria os exércitos romanos (Lucas 21:20) para destruir o
templo (Mt. 24:2), que o Senhor deixou então desolado (Mt.
28:38). Assim, o sinal do julgamento (línguas estrangeiras) foi
dado a Israel por um período de 40 anos entre a ascensão de
Cristo e a destruição de Jerusalém e o templo pelos romanos em
70 d.C. Deus estava voltando-se de Israel para os gentios (Mt.
23:37-38; Rm. 9:24-29 e 10:19-21).
5) As línguas tinham uma relevância particular para o judeu
incrédulo à luz da Nova Aliança. Em Atos 2 é chamada a
atenção em particular dos judeus (v. 12), após eles serem
acusados de matarem o Senhor da Glória (v 22-24). A espada de
dois gumes da maldição pactual caiu fortemente sobre esses
homens, com o resultado que muitos foram compungidos em
seus corações e se arrependeram (Atos 2:37), para seguir a
Cristo.
6) A própria igreja em Corinto é evidência adicional brilhante
que as línguas eram um sinal da maldição pactual sobre Israel!
Atos 18 registra que o ministério de 18 meses de Paulo em
Corinto (v. 11) foi caracterizado por oposição extremamente
calorosa por parte dos judeus. Enquanto ensinando na sinagoga
em Corinto, os oponentes judeus resistiam ao evangelho ao
ponto de blasfêmia, fazendo Paulo lançar uma maldição sobre
eles (v. 6).2 A resistência ao evangelho foi tão violenta em
Corinto que o Senhor apareceu a Paulo numa visão, prometendo
proteção especial do mal (v. 9 e 10). Em sua carta à igreja em
Corinto, Paulo faz referência nos primeiros versículos aos judeus
e ao desejo deles por sinais (1Co. 1:22). A citação que Paulo faz
2 “Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue sej a sobre a vossa
cabeça; eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios”.
de Isaías 28 deveria ser prova decisiva. No capítulo 10 Paulo lida
com “nossos pais” e a desobediência e julgamento deles, e
adverte os coríntios da mesma situação, se não fossem
cuidadosos (10:1-12).
Portanto, as línguas eram “para sinal” – um sinal para o Israel
incrédulo, que rejeitou a Cristo. Era o sinal e prelúdio da maldição pactual,
prometida por Deus.

IV. A transitoriedade das Línguas:
Porque a Escritura demonstra qual era o
PROPÓSITO das línguas – validar o ministério dos apóstolos e servir como
sinal pactual para Israel, segue-se necessariamente que uma vez alcançados os
propósitos, o sinal cessaria. Mesmo aqueles que crêem no moderno falar em
línguas concordam que o Cânon são os oráculos completos, inerrantes e
infalíveis de Deus ao homem. Assim, essas pessoas não podem usar o dom
hoje no mesmo sentido que foi usado por todo o Novo Testamento.
As manifestações modernas dos dons carismáticos desprezam a forma
bíblica e histórica, o conteúdo e propósito descrito na Escritura e, assim, claro
está que a forma de línguas hoje é uma falsificação anti-bíblica.

Fonte: http://www.the-highway.com/
por Robin Arnaud
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

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